domingo, 22 de agosto de 2010

o não barulho...


silêncio... assusta-me por retumbar no vazio dentro de mim... e quando nada se move nem faz barulho, noto as frestas pelas quais me espiam as coisas incómodas e mal-resolvidas, ou se observa outro ângulo de nós mesmos e dou conta de que não sou apenas uma figurinha atarantada a correr entre a casa, o trabalho e o bar, a praia ou o campo...
O susto que essa ideia me provoca, quero ruído, ruídos!!
Silêncio... faz pensar, remexe águas paradas, traz à tona sabe Deus que desconcerto tão meu e com medo de ver quem – ou o que – sou, adio o confronto com a minha alma sem máscaras...

Nunca esqueci a experiência de quando alguém me pôs a mão no meu ombro de criança e disse:
**Fica quietinha um momento só, escuta a chuva a chegar...

E ela chegou: intensa e lenta, tornando tudo singularmente novo. A quietude pode ser como essa chuva: é nela que refaço para voltar mais inteira ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.


Então, por favor, dêem-me isso: um pouco de silêncio bom, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas lajes, e tudo o que fala muito para além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.

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